Eu não me lembro, exatamente, quando os vitrais me foram apresentados. Mas, desde que me tenho por gente, a vida toda, me lembro de conhecer vitrais.
Me lembro das pessoas perguntando o que meu pai fazia e eu explicando o que eram vitrais, depois de responder, já que ninguém sabia do que eu estava falando. Só entendiam, mais ou menos, quando eu citava as janelas coloridas das igrejas.
Meu pai, Altair Honório Corrêa, me fez um vitral com desenho de tucano e participou de uma feira na escola ensinando sobre vitrais. Meu pai sabia tudo sobre vitrais. Isso, tendo aprendido sozinho, não sendo parte de nenhuma família vitralista tradicional, sem dinheiro, sem incentivo, sem nunca ter viajado ao exterior para vê-los.
Ele começou sozinho. Estudou. Sempre que podia, comprava livros. Importados, claro. Eu me lembro de amar os livros desde sempre. Passei minha vida paquerando os vitrais do livro Las Vidrieiras Modernistas Catalanas. Foi ali que aprendi a amar os vitrais. Não eram os conhecidos vitrais de igreja, mas paisagens rebuscadas, flores art nouveau, vitrais no seu mais perfeito formato, com os mais variados temas.
Esse livro foi meu primeiro amor. Eu vi e revi milhares de vezes. Aprendi ali também. Aprendi ali como um vitral precisava ser feito. As linhas, os vidros, as cores.
Dois fatos curiosos sobre esse livro: Quando fui à barcelona, vi alguns deles pessoalmente. Porque vitrais, vitrais duram para
sempre! Estavam lá à minha espera.
E naquele lugar mágico há vitrais em todo lugar. Há Atelier abertos ao público. Há a Sagrada Família e suas cores magníficas!
Entrei numa livraria e pedi um bom livro sobre vitrais. A pessoa que me atendeu disse para uma outra: traga Las Vidrieiras para ela! E eu respondi que esse eu já tinha. E ele me disse: então você já tem tudo.
Os vitrais ressurgiram na Espanha. Por isso esse livro é tão importante. Mas sobre isso falamos outro dia.
Não, nós não somos descendentes de uma importante família vitralista. Mas sim, a partir do meu pai, nós nos tornamos uma importante família vitralista no Brasil. Uma família apaixonada pela arte de confeccionar vitrais. E nós não estamos nisso por menos, estamos nessa jornada para fazer vitrais com perfeição, confeccionados em seu formato original de vidro e chumbo, com figuras lindamente pintadas na técnica de grisalha por um grande artista. Cada peça é uma peça de arte.
Vitral não é um simples comércio, é amor.
Por isso, vamos manter nossa tradição familiar e continuar confeccionando vitrais como eles têm que ser.
Não pense que vamos leiloar nosso trabalho, baixando preço e qualidade, como temos visto por aí. Vamos manter nossa qualidade. Vamos fazê-lo por amor a essa arte tão linda. E vamos provar aqui porque vale a pena pagar um pouco mais para ter um trabalho nosso.